terça-feira, 16 de outubro de 2012

Inicio Da Vida Sexual, Fase De Descobertas...

Início da vida sexual, fase de descobertas
Mal o clima começou a esquentar com o namorado e já começam a pintar dúvidas sobre o início da vida sexual. Deve-se seguir em frente? Qual a importância de consultar um médico antes da primeira relação para saber o que fazer? A adolescência é mesmo a fase das descobertas, e, para não tomar uma decisão precipitada sobre algo tão importante, é preciso adotar certos cuidados.

“O ideal seria que, antes de se iniciar sexualmente, a adolescente consultasse o ginecologista para ser orientada sobre a primeira relação, a escolha e adoção de um método contraceptivo, assim como sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)”, recomenda o ginecologista e obstetra João Tadeu Leite dos Reis, assistente estrangeiro da universidade francesa Paris V e ex-presidente da Comissão Nacional de Ginecologia Infanto Puberal.

O especialista diz que não há uma idade definida para ir pela primeira vez ao ginecologista. “Um momento interessante para essa aproximação é quando acontecem as mudanças puberais: desenvolvimento dos seios, dos pelos pubianos e o estirão de crescimento.” A presença da mãe durante a consulta é controversa. A adolescente deve ter preservados sua privacidade, o direito de ser atendida sozinha e em espaço privado e garantida a total confidencialidade das informações tratadas.

Pela experiência em consultório, o Dr. João Tadeu acrescenta que as dúvidas mais comuns levadas pelas adolescentes dizem respeito, além das mudanças puberais, à anticoncepção. Em relação às primeiras, “como são inevitáveis as comparações com amigas e primas, deve-se ressaltar que cada pessoa possui características próprias, não sendo melhor ou pior por isso”, aponta.

Já sobre anticoncepção, o ginecologista e obstetra lembra que, independentemente da escolha feita, sempre se deve associar o método ao uso da camisinha. “Todos eles são efetivos desde que sejam utilizados de maneira correta e regular. Essa é a chave da escolha. Do ponto de vista clínico, adolescentes são pessoas saudáveis que não necessitam de avaliação médica prévia à seleção da anticoncepção.”

As opções de contracepção, ainda de acordo com o especialista, variam do uso diário ao mensal ou por períodos maiores, e podem ser de utilização por via oral, injetável, intrauterina, vaginal, transdérmica e subdérmica. E sempre é bom reforçar: deve-se privilegiar o método que efetivamente a adolescente vai usar de maneira correta, considerando características pessoais, familiares e econômicas. Logo, o diálogo em casa e no consultório, da pré-adolescente à adolescente que engravidou, deve ser franco e aberto.

“Atualmente preferem-se os métodos de ação por um período mais prolongado como os injetáveis, o dispositivo intrauterino (DIU) ou o sistema intrauterino (SIU), o anel vaginal, o adesivo transdérmico ou o implante subdérmico, uma vez que resultam em segurança anticonceptiva maior por não apresentarem a frequência de esquecimento e consequente falha mais comuns aos métodos de uso diário.”

Pílula anticoncepcional

O mais solicitado, segundo o Dr. João Tadeu, é a pílula anticoncepcional, que pode ser útil também durante todo o início da vida sexual. A contracepção de emergência, “equivocadamente chamada de pílula do dia seguinte”, é outro método disponível, mas que exige cuidados extras. “Além de ser indicada somente para situações excepcionais, quando não há proteção anticonceptiva e o risco de engravidar é grande, sua ação prolongada tem intensidade decrescente”.

Aliás, quando adotados antes da primeira relação, os métodos contraceptivos são importantes porque a adaptação com a opção escolhida teoricamente já aconteceu e os eventuais efeitos colaterais já foram solucionados. “Iniciar-se sexualmente confiando apenas na época do ciclo em que a adolescente acredite estar (período ovulatório ou não), sem usar a camisinha de maneira constante e correta, não se justifica”, completa o especialista.

Mitos e DSTs

Os mitos e medos das meninas sobre a primeira relação sexual estão mais ligados ao momento em si do que ao que ocorrerá no futuro, acrescenta o ginecologista e obstetra. “Vai doer ou sangrar? O que ele vai pensar de mim se eu ceder facilmente? Vou chegar ao orgasmo? A preocupação com o risco de engravidar cede lugar neste momento aodesejo sexual. Para os meninos, os receios estão mais relacionados à performance.”

“O que importa, na verdade, é que aconteça de forma consciente, com uma pessoa com a qual exista um vínculo de sentimento, além de ser sob a menor pressão possível, com calma e sem pressa, o que nem sempre acontece. O fato de a adolescente já fazer uso de método contraceptivo dá segurança e tranquilidade em relação ao risco de engravidar”, completa.

A proteção básica e efetiva contra as DSTs é mesmo a camisinha, ainda de acordo com o especialista. “Outras medidas protetoras importantes seriam o controle clínico, realizado com o médico de confiança, pelo menos uma vez ao ano, e a busca de relacionamentos monogâmicos, por ambas as partes. O risco de DSTs aumenta com um maior número de parceiros e o risco de se contrair HIV com o uso de drogas injetáveis.”

Desvendar um mundo novo é uma característica da adolescência. E para que cada uma das descobertas típicas dessa fase sejam ainda mais prazerosas, medos e inseguranças devem ser superados com informação e o auxílio de um especialista. Pronto: está dado o primeiro passo para o início de uma vida sexual saudável.

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